
O Rio Doce era nosso céu
Ali a gente voava por suas águas sujas
Onde tinha de tudo
Onde tinha de tudo
Coliforme, pneu, colchão, química
Espuma da fábrica de papel, esgoto e até gente cínica
Que sujava a água
Depois a tratava
E a mandava de volta
Na sujeira das descargas
E fomos levando, como o rio levava a vida
Devagar, constante e sempre
Até sumir a luz do sol
E tudo se impregnar de breu marrom
A lama nos achou
Como quem coloca sacos plásticos nas cabeças dos inimigos
E exige nomes, dinheiro e confissões.
Ficou impossível respirar.
Mal deu tempo de chegar a margem para deixar de existir.
“Mas seguiu em frente. Encontrou o mar e o pintou de barro.Como quem encontra um velho amigo: abraça, chora e divide o fardo.”
* O mar sabe receber, reciclar, purificar. É destino certo todo rio correr para o mar. O mar, como mãe, acolherá o rio como ele estiver. Não sofra tanto, poeta: o rio, agora, já virou mar! Bjos!!!
P.S. Repeti intencionalmente, pois, a beleza de seus versos são um pranto justo, justíssimo! Por isso me lembra a redenção: passará, e haverá de ser breve a dor que deixou ao passar. A natureza é pródiga… muito próxima da paz, longe da enfermiça “guerra-do-mundo-dos-homens”! Bjos, Jério!!! Lindas, as “suas letrinhas”, viu?
Obrigado dicumforça!
Que lindura de palavras! Obrigado mesmo! O Rio Doce fez parte da minha vida e da Naymme, principalmente dela que “morou nele”, na Ilha dos Araújos em Valadares. Tomara que tenha forças pra sair dessa!